O papel do arquiteto urbanista para o futuro das cidades

Postado em 6 de jan de 2023
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Mais do que ser criativo e talentoso, o arquiteto urbanista do futuro terá que lidar com questões como sustentabilidade, desigualdades, envelhecimento da população e inteligência artificial.

O arquiteto urbanista, hoje, é um profissional que projeta e acompanha a execução de construções, além de também atuar no planejamento das cidades.

No futuro, além de suas atividades atuais, ele também deverá lidar com cidades inteligentes, mobilidade urbana, ferramentas de IA e, possivelmente, um êxodo urbano.

Para deixar todas essas questões mais claras, este artigo trará um apanhado de opiniões e cenários sobre o futuro das cidades e o futuro da profissão do arquiteto urbanista.

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Desafios e tendências para o futuro das cidades

Em um artigo para o Museu do Amanhã, o jornalista Davi Bonela afirmou que existem 29 megacidades no mundo, sendo que essas megacidades são habitadas por cerca de 10 milhões de pessoas cada.

Além dessas 29 megacidades, existiriam também 44 grandes cidades com algo entre 5 e 10 milhões de habitantes. Nesses ambientes, as cidades são formadas por prédios altos, multidões de pessoas nas ruas e um engarrafamento impressionante.

Segundo o artigo, essas mega e grandes cidades, entretanto, não chegam a cobrir 2% da superfície do planeta. E ainda assim, elas têm um impacto global quando falamos sobre demanda de recursos naturais e produção de poluição.

Diante disso, pensando em uma melhor qualidade de vida para a população, não existe um futuro para as cidades se elas não se desenvolverem dentro da sustentabilidade.

E esse é um dos maiores desafios, senão o maior, da arquitetura para os próximos anos.

Outro desafio é o envelhecimento da população. Estima-se que em 2050, o número de pessoas com mais de 60 anos chegará a 2 bilhões, ou seja, um quinto da população mundial.

A pirâmide etária está cada dia mais deixando de ser uma pirâmide, e como o desenvolvimento das cidades pensará nisso?

Além dessa questão, a arquitetura e urbanismo do futuro também tem mais um desafio: como lidar com as desigualdades? Esse é um desafio porque cidades com populações desiguais se desenvolvem de maneira desigual.

E isso acarreta problemas diferentes entre populações dentro de uma mesma cidade, especialmente quando falamos em locomoção e demanda por recursos.

Mudanças que a pandemia poderá trazer

Além dos desafios que o futuro traz para o arquiteto urbanista, a pandemia de Covid-19 trouxe mudanças de comportamento que podem se tornar tendências.

Após a pandemia, possivelmente veremos um fenômeno de êxodo urbano.

Isso porque, com a prova de que o trabalho remoto funciona para muitas áreas do mercado, famílias podem deixar as cidades para buscar melhor qualidade de vida no interior.

Isso é o que aconteceu depois da Gripe Espanhola, como afirma o Estadão.

Um exemplo é como a ilha de Manhattan perdeu um milhão de habitantes por conta do êxodo urbano depois de 1920. O mesmo fenômeno foi observado em Londres e Paris no período.

Durante a pandemia, as cidades também experimentaram uma mudança considerável nos hábitos de locomoção.

Em São Paulo, ainda segundo o Estadão, foi observado que viagens mais curtas, como em torno do próprio bairro, foram preferidas pelos habitantes. E isso é um desafio futuro a se pensar na arquitetura e urbanismo.

É possível que a retomada das atividades aconteça para muito mais pessoas através de transporte alternativo, como bicicleta e locomoção a pé. Nesse caso, como as cidades precisarão se preparar para lidar com isso?

E não apenas sobre o transporte alternativo a arquitetura e urbanismo do futuro precisa pensar, mas no transporte público também.

Devido à maneira como se transmite o Coronavírus, faz-se necessário pensar em proporcionar ambientes mais seguros e com melhores condições sanitárias para a população das cidades.

Além, é claro, de repensar a infraestrutura de bairros periféricos para a população que não tem condições de usar transportes alternativos.

Tecnologia e cidades Inteligentes

E é claro que não poderíamos falar sobre o futuro sem citar a tecnologia. Dentro da arquitetura e urbanismo nesse contexto, a tecnologia aparece como as cidades inteligentes.

Essas são cidades que otimizam a utilização de todos os recursos para aumentar a qualidade de vida da população. Ou seja, a mobilidade, energia e qualquer serviço necessário ao dia a dia dos moradores é repensada.

Tudo isso funcionando através de uma grande rede conectada, um passo além da Internet das Coisas (IoT). Apesar de ser uma solução relativamente recente, algumas cidades já estão testando alguns dos aspectos das Smart Cities.

Mas como se chega em uma cidade totalmente inteligente?

Existem dois caminhos: investindo em cidades planejadas que já incluam projetos prévios de tecnologia e sustentabilidade ou reavaliando os processos de cidades existentes e aplicando melhorias aos poucos, de acordo com as necessidades e vontades dos moradores.

Isso porque, dentro das cidades inteligentes, a tecnologia é uma ferramenta utilizada para a melhoria da qualidade de vida das pessoas. Logo, qualquer mudança precisa passar pela avaliação de necessidade da população que mora no local e sua aprovação.

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O que fará um arquiteto urbanista no futuro?

Diante disso tudo, o papel do arquiteto urbanista no futuro é lidar com os desafios e tendências para melhorar a vida das pessoas e do meio ambiente.

Mais do que se preocupar com os aspectos exatos da profissão, o arquiteto urbanista deverá se envolver com o bem-estar e a evolução da sociedade.

Segundo a arquiteta Adriana Pestana em seu artigo sobre o futuro da arquitetura, as três maiores tendências para a profissão de arquiteto urbanista, para além da inteligência artificial em si, são: a sustentabilidade, o design generativo e a arquitetura paramétrica.

Sobre a sustentabilidade, ela afirma que a preocupação será não só com o impacto que novas construções e reformas trazem para a natureza, como também nos materiais utilizados.

Deverá se pensar em utilizar materiais recicláveis e reciclados, adaptar construções já existentes para a necessidade atual e pensar em projetos que interajam naturalmente com a paisagem.

Já o design generativo é uma aplicação da inteligência artificial para a arquitetura. Nele, pode-se criar um ambiente através do computador utilizando combinações prévias.

Com essa ferramenta, o arquiteto urbanista consegue trabalhar questões como melhores vistas, eficiência energética e variáveis de custo. Por sua vez, a arquitetura paramétrica também utiliza a inteligência artificial para expandir as possibilidades da arquitetura.

Por exemplo, com ela pode-se entender exatamente como o sol vai se comportar ao longo do ano e como isso interfere no projeto. A partir disso, o arquiteto pode utilizar aberturas e janelas na construção que aproveitam ao máximo a luz.

Utilizada em conjunto com o design generativo, a arquitetura paramétrica transforma o trabalho do arquiteto. Nesse sentido, apenas criatividade e talento já não serão habilidades requeridas do arquiteto do futuro, mas habilidades como:

  • Flexibilidade e autogestão, para se inserir no novo mercado de trabalho;
  • Inteligência emocional, para lidar com a questão da qualidade de vida;
  • Alfabetização digital, para saber navegar bem pelas tecnologias.

O que você acha de tudo isso? Nos conte nos comentários!

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Mariana Bortoletti

Por Mariana Bortoletti

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Mercadóloga, jornalista e especialista em escrita criativa.