Doença ocupacional e doença do trabalho: conheça as principais

Postado em 10 de set de 2022
Loading...

Desde os primórdios da humanidade, o trabalho ocupa um lugar importante na vida do ser humano. Afinal, ele é a base do seu sustento e uma das principais atividades do seu dia.

As atividades laborais podem ser prazerosas e podem proporcionar um sentimento de realização pessoal, mas existe uma outra face do trabalho que vem sendo cada vez mais discutida na sociedade – as doenças relacionadas à atividade profissional.

É cada vez mais comum que homens e mulheres se afastem de seus trabalhos por problemas de saúde, que vão desde a ordem física até a mental. Nesse sentido, falar sobre as doenças que atingem os profissionais e conhecer mais sobre elas é muito importante.

No entanto, quando se trata de problemas de saúde envolvendo trabalhadores, algumas confusões são comuns. Você já ouviu falar, por exemplo, em doença ocupacional e por que ela é diferente de doença do trabalho?

Por mais que soem similares, doença ocupacional e doença do trabalho têm uma diferença: enquanto a doença do trabalho está mais relacionada ao ambiente, a doença ocupacional é causada por características da própria atividade profissional.

Quer entender mais sobre esse assunto e conhecer os seus direitos? Confira:

Descubra quantos cursos de graduação existem no Brasil!

A diferença entre doença ocupacional e doença do trabalho

De acordo com a lei 8.213/1991, doença ocupacional, também conhecida como doença profissional, é produzida ou desencadeada pelo exercício da função do trabalhador.

Ou seja, a causa da doença é a atividade que o trabalhador executa em sua rotina de trabalho. É aquela diretamente relacionada com atividade exercida pelo profissional.

Por exemplo, um trabalhador de escritório, que usa continuamente o teclado, pode desenvolver LER (Lesão por Esforço Repetitivo) devido ao movimento repetitivo.

Essa mesma lei também fala sobre a doença do trabalho. Diferente da ocupacional, esta não está ligada à função exercida pelo trabalhador, mas sim ao seu ambiente de trabalho.

O artigo 20 da lei define doença do trabalho como: “…desencadeada em função de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente…“.

Um exemplo são os trabalhadores que possuem a audição danificada pela exposição constante a ruídos no ambiente de trabalho. A diferença entre doença ocupacional e doença do trabalho está na fonte das enfermidades.

Ou seja, o que exatamente desencadeou o problema de saúde.

A doença ocupacional é aquela relacionada ao trabalho em si, às peculiaridades da atividade exercida. Já a doença do trabalho diz respeito às condições do ambiente de trabalho.

🔵 Leia também: Profissões que pagam bem nos EUA e no Brasil

As principais doenças ocupacionais e do trabalho

O Ministério da Saúde possui uma longa lista de doenças ocupacionais e do trabalho. As mais comuns são:

LER

A Lesão por Esforços Repetitivos (LER) é um grupo de doenças com sintomas de dor nos membros superiores, resultando na dificuldade de movimentação e redução da amplitude. A LER afeta músculos, tendões, ligamentos e os próprios nervos do paciente.

Essa é uma das principais causas de afastamento do serviço e pode atingir qualquer pessoa que execute movimentos repetidos, como profissionais que trabalham digitando ou com tricô.

Dort

Os Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT) correspondem a uma classe de sintomas e alterações fisiológicas advindas da execução de operações mecânicas repetidas.

Os principais sintomas dessa doença são as dores crônicas, que podem aumentar com a continuidade das atividades de trabalho. Bursite, tendinite, inflamações em articulações e dores lombares são alguns dos sintomas que podem estar associados ao quadro.

Transtornos psicossociais e mentais

Ansiedade, síndrome de pânico, depressão e síndrome de burnout (esgotamento) são doenças que podem surgir do estresse no ambiente de trabalho.

Em alguns casos, elas podem ser ignoradas ou desvalorizadas, pois não são “visíveis” fisicamente. Existem algumas situações que podem desencadear essas crises nos trabalhadores, vamos citar algumas:

  • Cansaço excessivo e jornadas exaustivas;
  • Situações de assédio verbal e moral;
  • Problemas com a comunicação interna;
  • Cobranças irreais e metas inalcançáveis;
  • Clima ruim e com índice alto de insatisfação profissional.

Asma ocupacional

É uma doença do pulmão, caracterizada por crises de falta de ar (dispnéia), sibilos e tosse. Ela é causada por diferentes agentes existentes nos locais de trabalho.

Normalmente, surge quando o empregado atua em ambiente com grande quantidade de partículas e poeiras que provocam alergia. Acontece bastante com quem manipula madeira e borracha, por exemplo.

Antracose pulmonar

A antracose pulmonar é uma lesão no pulmão causada pela inalação de pequenas partículas de carvão ou de poeira que se alojam ao longo do sistema respiratório.

Ou seja, é uma doença respiratória mais grave do que a asma ocupacional. Ocorre quando o empregado trabalha onde há, principalmente, muita fumaça, o que causa lesões nos pulmões.

Dermatose ocupacional

Dermatose ocupacional é qualquer alteração da pele, mucosa e anexos, direta ou indiretamente causada, condicionada, mantida ou agravada por agentes presentes na atividade ocupacional ou no ambiente de trabalho.

Quem trabalha mexendo com graxas e óleos de máquinas costuma sofrer dessa enfermidade.

Perda auditiva

A perda auditiva temporária ou definitiva pode afetar profissionais que trabalham com sons muito altos frequentemente. Essa doença costuma afetar operadores de telemarketing e operadores de britadeira, por exemplo.

Isso acontece porque, aos poucos, o barulho constante provoca a perda da audição sem que o trabalhador se dê conta. Na maioria dos casos, esses prejuízos auditivos são irreversíveis.

Cânceres por conta de exposição a produtos químicos

Essas são algumas das doenças mais graves que são causadas no ambiente de trabalho. Elas surgem devido a exposição a produtos químicos.

Trabalhadores da indústria têxtil que fazem a manipulação de corantes que contêm determinadas aminas estão mais sujeitos ao desenvolvimento do câncer de bexiga.

Já os trabalhadores que têm contato com benzeno em indústrias químicas têm um maior risco de desenvolver leucemias e linfomas.

Nesses casos, é responsabilidade da empresa disponibilizar e assegurar o uso dos equipamentos de segurança, a fim preservar a saúde de seus trabalhadores.

🔵 Leia também: Trabalhar sob pressão: descubra técnicas que vão te ajudar

Os direitos de todo profissional

Apesar das diferenças entre doença ocupacional e do trabalho, ambas garantem ao trabalhador o direito de receber auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez.

No entanto, ainda é comum que as empresas não reconheçam que as enfermidades foram causadas durante as atividades do seu empregado. Assim, é necessário que o profissional apresente uma comprovação.

Essa comprovação é realizada a partir de uma declaração judicial, obtida após a perícia médica. A perícia investiga a ligação entre a doença e as atividades profissionais.

Por exemplo: vamos imaginar um jornalista que sofre de depressão e precisa se afastar das atividades. Se a perícia comprovar que o trabalho contribuiu para o quadro, a enfermidade torna-se uma doença profissional. Ou seja, passa a ter o mesmo efeito de um acidente de trabalho, de acordo com a lei 8.213/91.

Assim, o empregado tem estabilidade de doze meses após o retorno da alta médica. Isto é, depois de recuperado da doença, ele não pode ser demitido durante um ano.

🔵 Leia também: As profissões que serão extintas no futuro (e as que vão permanecer)

O que você pode fazer para se cuidar

E agora que você já conhece as principais doenças ocupacionais e de trabalho, conheça algumas formas de se proteger delas:

  1. Não dispense o uso dos equipamentos de proteção: se o seu trabalho é de risco ou envolve exposição a agentes químicos nocivos à saúde, nunca dispense o uso dos equipamentos de proteção individual (EPIs). Eles são essenciais para manter sua saúde e segurança. Garante também que você está utilizando os EPIS da forma correta e, se ainda restarem dúvidas, não hesite em acionar sua empresa. É responsabilidade da organização promover treinamento sobre o uso adequado dos EPIs.
  2. Fique atentos aos primeiros sinais de problema: ninguém adoece da noite para o dia. Por isso, é fundamental que você esteja atento aos sinais que o seu corpo fornece, procurando ajuda médica assim que sentir algo fora do normal. O diagnóstico precoce é importante para o tratamento de diversas doenças.
  3. Tenha uma rotina saudável e saiba respeitar os seus limites: você já ficou sem almoçar por causa da correria do trabalho? Ou passou do horário de trabalho e acabou ficando estressado? Deixou de praticar exercícios por causa da sua rotina profissional? Essas situações que apresentamos acima são infelizmente comuns e trazem diversos prejuízos à saúde, como estresse, ansiedade, anemia e obesidade. Saber respeitar os limites e levar uma rotina equilibrada é essencial para se manter saudável. Se suas demandas de trabalhos não estão permitindo isso, é hora de conversar com sua liderança e diminuir o ritmo. Ter equilíbrio é fundamental para manter a saúde e garantir a sua produtividade.
  4. Procure o RH da sua empresa: quando tiver um problema de saúde relacionado ao trabalho, não hesite em conversar com o setor de Recursos Humanos da sua empresa. Eles podem orientá-lo sobre como proceder e o que deve ser revisto em sua rotina. 

Neste artigo, falamos sobre doença ocupacional e doença do trabalho, explicando a diferença entre os temas e citando as principais enfermidades relacionadas.

Esperamos que você tenha gostado!

Leia também:

Redação Blog do EAD

Por Redação Blog do EAD

Gostou deste conteúdo? Compartilhe com seus amigos!