6 exemplos de inovação em saúde no Brasil

Postado em 4 de fev de 2022
Loading...

Ideias novas estão sempre surgindo em nossa sociedade. Diferentes formas de nos relacionarmos, aprendermos, estudarmos e encaramos os desafios diante de nós surgem todos os dias. A inovação é um dos princípios básicos para evolução e sobrevivência humana. 

E na área da saúde, não é diferente. A expectativa de vida dos seres humanos está estreitamente relacionada às inovações nesse campo. 

Já pensou se as doenças ainda fossem encaradas como castigos divinos assim como eram na Idade Média? Ou se ainda utilizamos mercúrio para tratar sífilis? Ou pior: lobotomias como cura para depressão e outros transtornos psicológicos? Certamente, teríamos nossa qualidade de vida drasticamente prejudicada!

A inovação na saúde é essencial para que novos tratamentos sejam desenvolvidos e cheguem à população. Neste artigo, vamos apresentar algumas das principais descobertas na área da saúde em 2021.

Confira:

 

O que é inovação em saúde

Inovação em saúde é um conjunto de novas tecnologias e metodologias para a prevenção, diagnóstico e tratamento das diversas doenças e condições que afetam a população. É por meio dela que a medicina evolui e a qualidade de vida das pessoas aumenta. 

Praticamente todos os dias, novas pesquisas e estudos estão sendo desenvolvidos no campo da saúde. Afinal, são diversas as enfermidades que acometem o ser humano na atualidade. 

Essas descobertas já permitiram que diversas doenças fossem erradicadas e trouxeram esperança para pessoas ao redor do mundo inteiro. 

Um dos exemplos mais atuais são as vacinas para Covid-19. Elas foram produzidas em tempo recorde e se tornaram importantes aliadas no combate à pandemia. 

Outro exemplo recente de inovação em saúde são estudos do HIV (Vírus da imunodeficiência humana). 

Na década de 1980, a Aids, síndrome causada pelo HIV, levou a vida de milhares de pessoas. Não é à toa que ela é considerada uma das doenças infecciosas mais mortais da história das pandemias contemporâneas. 

No entanto, o avanço da ciência e o desenvolvimento de medicamentos mais eficazes possibilitaram que na atualidade pessoas com HIV levem uma vida saudável. 

Essas mudanças são resultados do trabalho de diversos cientistas que buscaram inovar e proporcionar melhores condições de vida para os seres humanos. 

Abaixo, citamos as principais melhorias trazidas pela inovação em saúde:

  • Aumento da qualidade de vida;
  • Diagnósticos e tratamentos mais precisos;
  • Redução de custos;
  • Aumento da eficiência e produtividade;
  • Aumento da competitividade no mercado;
  • Melhoria das capacidades internas;
  • Aumento da qualidade;
  • Aumento da satisfação do paciente;
  • Redução na incidência de eventos adversos e óbitos.

Descubra quantos cursos de graduação existem no Brasil!

6 cases de inovação em saúde que você precisa conhecer 

A seguir, apresentamos 6 cases de inovação em saúde que foram destaque do Prêmio Abril & Dasa de Inovação Médica de 2021

Confira e conheça mais sobre cada uma das iniciativas: 

Um novo jeito de ler o genoma de um vírus

Se o coronavírus fosse uma pessoa de carne e osso, usar o método convencional para sequenciar seu código genético seria como tentar identificar o indivíduo pela sua sombra. 

Essa é a metáfora utilizada pelo professor e pesquisador Marcelo Briones, do Centro de Bioinformática Médica da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), para explicar um pouco da sua pesquisa. 

Segundo o pesquisador, a técnica tradicional de leitura do genoma, o RT-PCR, deixa a desejar quando nos deparamos com um vírus formado por RNA, e não DNA, como o patógeno da Covid-19.

Após mergulhar em dezenas de artigos científicos sobre os RNAs, Briones decidiu pegar um caminho diferente para decifrar o vírus: sequenciar diretamente seu RNA por meio de uma tecnologia baseada em nanoporos e analisá-lo com programas de bioinformática.

Ele e sua equipe obtiveram, assim, uma leitura mais refinada e apurada do genoma do Sars-CoV-2 — a resolução é cerca de 25 vezes maior que a do método usual.

“Isso abre caminho inclusive ao desenvolvimento de novos tratamentos, num modelo parecido com o que já é estudado em drogas para o câncer”, diz Briones.

O sequenciamento direto do RNA também será capaz de revelar quem são, de fato, as variantes do coronavírus. E não só isso: “Poderemos utilizar essa metodologia em outros vírus de RNA”, prevê o professor. 

Ou seja, patógenos responsáveis por gripe, zika e dengue também poderão ser analisados em profundidade com a técnica desenvolvida por Brione e sua equipe. 

Nome original do trabalho: Sequenciamento direto do RNA de SARS-CoV-2 revela os sítios m6A e potenciais diferenças na metilação de sequências DRACH dos variantes.

AUTORES: Marcelo Ribeiro da Silva Briones, João Henrique Coelho Campos, Luiz Mario Ramos Janini, Fernando Martins Antoneli Jr., Juliana Terzi Maricato e Carla Torres Braconi. 

INSTITUIÇÃO: Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). 

Teste rápido para hanseníase

A hanseníase ainda é um problema de saúde pública no Brasil. Nosso país é o segundo em número de casos registrados, só atrás da Índia e logo à frente da Indonésia. 

Em torno de um terço dos episódios por aqui é notificado após comprometimentos mais sérios, como fraqueza nas mãos e dores nas articulações, o que evidencia a detecção tardia. 

O diagnóstico precoce e o rastreio fazem parte da Estratégia Global da Organização Mundial da Saúde (OMS) e são considerados pontos fundamentais para mudar o panorama nos países que lideram os casos da doença. 

Pesquisadora na área de diagnóstico para doenças negligenciadas, a farmacêutica Juliana de Moura, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), se uniu ao químico Ronaldo Censi Faria, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), para desenvolver uma solução capaz de flagrar anticorpos da hanseníase no sangue, facilitando, assim, sua identificação.

Ou seja, os pesquisadores desenvolveram um teste rápido para hanseníase — hoje, a identificação da doença é feita por meio de exames físicos e biópsias dos locais afetados.

“Com nossa alternativa, é possível encaminhar ao médico um número maior de pessoas, e os resultados do exame ajudam a direcionar o tratamento”, diz a cientista. “Sem contar a possibilidade de fazer triagens em áreas endêmicas, detectando a doença antes do aparecimento de qualquer lesão, o que ajudaria a quebrar a transmissibilidade da hanseníase”, completa.

Nome original do trabalho: Novo teste simples e rápido para o diagnóstico sorológico da hanseníase.

AUTORES: Juliana de Moura, Ronaldo Censi Faria, Sthefane Valle de Almeida e Cristiane Zocatelli Ribeiro. 

INSTITUIÇÕES: Universidade Federal do Paraná (UFPR) e Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). 

Efeitos do coronavírus na saúde reprodutiva e sexual dos homens

Você sabia que o coronavírus pode impactar a saúde reprodutiva e sexual do homem?

A descoberta é do andrologista Jorge Hallak e sua equipe do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (USP), um dos centros envolvidos nesta investigação premiada.

“Desde os primeiros pacientes com Covid-19 tratados no Hospital das Clínicas da USP, observamos alterações nos exames hormonais e de espermatozoides”, recorda o médico.

Hallak e sua equipe de pesquisadores descobriram que o Sars-CoV-2 consegue chegar aos testículos, agredindo tanto as células precursoras de espermatozoides quanto as produtoras de testosterona e os vasinhos que irrigam a região. 

A situação foi constatada em homens com diferentes manifestações da doença, das formas assintomáticas e leves às mais graves.

São achados cruciais para prevenir e buscar reverter problemas na saúde sexual e reprodutiva decorrentes do coronavírus. 

Nome original do trabalho: Efeitos reprodutivos e sexuais da infecção pelo Sars-CoV-2 em pacientes do sexo masculino com Covid-19: novas descobertas e consequências futuras.

AUTORES: Jorge Hallak, Paulo Hilario Nascimento Saldiva, Esper Georges Kallas, Marisa Dolhnikoff, Amaro Nunes Duarte Neto, Elia Tamaso Espin Garcia Caldini, Thiago Afonso Teixeira, Felipe Saraiva Bernardes, Felipe Carneiro e Heloisa Faquineti. 

INSTITUIÇÕES: Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), Instituto e Centro Androscience – Centro de Ciência e Inovação em Andrologia, Divisão de Clínica Urológica do Hospital das Clínicas da FMUSP e Instituto de Estudos Avançados da USP (IEA-USP).

Pele de tilápia na (re)construção vaginal

Não é nenhuma novidade que a pele de tilápia se tornou um dos métodos curativos mais usuais para queimaduras. Mas você sabia que ela também pode ser usada para reconstrução vaginal?

O mesmo grupo da Universidade Federal do Ceará (UFC) que desvendou o uso da pele de tilápia agora passou a avaliar este biomaterial em cirurgias de reconstrução vaginal. Além de não conter vírus ou bactérias contaminantes aos humanos, a pele de tilápia é rica em colágeno e tem propriedades cicatrizantes. 

“Há 25 anos a UFC tem um serviço de referência para tratar meninas que nascem com agenesia, a ausência de canal vaginal, embora tenham a genitália externa normal. Só que as cirurgias reparadoras usavam enxerto da pele das pacientes, retirado da virilha, gerando cicatrizes e desconfortos”, conta o cirurgião ginecológico Leonardo Bezerra, um dos responsáveis pelo projeto. 

“O sucesso como curativo nos fez pensar no uso da pele de tilápia nesses casos, o que fez surgir um conceito inovador. Percebemos que ela pode funcionar como anteparo para o crescimento e o desenvolvimento celular. E, feita a cirurgia, a membrana é totalmente incorporada à vagina reconstruída”, relata o médico.

Nome original do trabalho: A pele de tilápia na saúde sexual feminina e cirurgias reparadoras complexas: recuperação da função sexual de mulheres com estenose e malformação vaginal, autoaceitação de mulheres transgênero e reparo de sindactilia grave.

AUTORES: Leonardo Robson Pinheiro Sobreira Bezerra, Zenilda Vieira Bruno, Manoel Odorico de Moraes Filho, Felipe Augusto Rocha Rodrigues, Carlos Roberto Koscky Paier, Edmar Maciel Lima Júnior, Álvaro Hernán Rodríguez, Stephany Ellen de Castro, Liz Rodrigues Picanço, Andressa Fernandes de Souza Mourão Feitosa e Larissa Bezerra Santiago. 

INSTITUIÇÕES: Maternidade Escola Assis Chateaubriand, Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamentos da Universidade Federal do Ceará (UFC) e Centro Especializado en Cirugía Mamaria y Cirugía Transgénero (CECM/Colômbia). 

Sistema inteligente para não faltar remédio no SUS

Se você recorre frequentemente ao SUS para obter remédios, é bem possível que você já tenha passado pela situação de falta de medicação. 

A aquisição e distribuição de medicamentos por hospitais e drogarias, assim como por programas governamentais de assistência farmacêutica, é complexa. Sendo assim, é infelizmente comum que alguns remédios estejam em falta. 

Para ajudar nessa operação que exige cálculos, planilhas e enorme capacidade analítica, pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) desenvolveram um software, baseado em algoritmos de inteligência artificial. 

“É um sistema revolucionário, porque automatiza todo o processo. Pode gerar economia de milhões de reais”, afirma Eduardo Mario Dias, professor da Escola Politécnica e do Instituto de Radiologia da USP, instituições à frente da iniciativa. 

O software foi alimentado com os dados de fornecimento e consumo de remédios do Ministério da Saúde e se provou capaz de otimizar a cadeia de suprimentos, garantindo, assim, o abastecimento e fazendo uma previsão correta.

“Se o consumo de um remédio em determinado período é de mil caixas, não pode comprar 500 para não gerar carência, nem 5 mil para não perder a validade”, exemplifica o médico especialista em informática Marcio Biczyk, do time da USP. “Ao fazer em minutos análises preditivas, a inteligência artificial se mostra uma importante ferramenta de apoio nas decisões de compra”, resume.

Desenvolvido para a esfera federal, o programa de automação da USP é passível de ser replicado em todos os níveis do Sistema Único de Saúde (SUS), auxiliando hospitais e secretarias estaduais e municipais a manter os estoques adequados nos postos de atendimento.

Nome original do trabalho: Automação e inovação em assistência farmacêutica – Automação do processo de aquisição e distribuição de medicamentos e produtos para a saúde pela rede do Sistema Único de Saúde (SUS) 

AUTORES: Marcio Biczyk, Eduardo Mario Dias, Marco Antonio Bego, A. Fleury, A. Massera, A. Fagundes, A. Sturzbecher, A. Diniz, C. Sá, D. Coutinho, D. Carreira, F. Vitória, G. Silva, G.G. Cerri. H. Calvão, I. Silveira, ltalo A. Sousa, J. Sousa, J.A. Tosta, M. Guimarães, M. Farah, M. Silveira, M. Scoton, M. Mariano, M. Pokorny, N. Bisinoti, N. Ferreira, P. Camargo, R. Botelho, R. Silvestre,  W. Penna, W. Almeida e W. Labanca. 

INSTITUIÇÕES: Instituto de Radiologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (Inrad-HC/FMUSP) e Escola Politécnica (Poli/USP).

🔵Leia também: Inteligência analítica: benefícios, importância, carreira e curso

Dispositivo portátil para checar a pressão intracraniana

A pressão intracraniana é uma medida habitualmente usada pelos médicos para verificar se o cérebro corre risco em situações como hidrocefalia, AVC, tumores ou meningite. 

Contudo, o método clássico para aferir a pressão dentro do crânio depende de um procedimento hospitalar em que se faz um furo na cabeça, o que é bastante invasivo. 

Agora imagine se houvesse um dispositivo portátil que, de maneira rápida, analisasse o cenário e indicasse aos profissionais a pressão intracraniana? Essa tecnologia já existe e foi desenvolvida pela Brain4care. 

Essa startup transformou as observações do físico Sérgio Mascarenhas (1928-2021) em uma ferramenta inédita aplicada dentro e fora do país.

A partir das pesquisas do físico, cientistas desenvolveram uma forma de captar ondas do crânio para inferir a pressão no interior da cabeça. 

A evolução dessa história é o dispositivo da Brain4care, que, com apoio da inteligência artificial, fornece aos médicos um novo parâmetro para avaliar e predizer se o cérebro está sob pressão e pode sofrer danos.

Nome original do trabalho: Brain4care: acesso a desfechos positivos em distúrbios neurológicos utilizando algoritmos, telemedicina e um dispositivo vestível de baixo custo 

AUTORES: Renato Abe, Arnaldo Betta, Plinio Targa e Carlos Bremer.

INSTITUIÇÃO: Brain4care Desenvolvimento e Inovação Tecnológica. 

Como escolher uma faculdade EAD

Como inovar na área da saúde 

Se você é profissional da saúde e se sentiu inspirado pelos cases que apresentamos acima, que tal começar hoje mesmo o seu caminho em direção à inovação?

Para isso, investir em uma pós-graduação é um ótimo primeiro passo. Afinal, especializando-se é possível aprofundar seus conhecimentos em determinada área. 

Algumas especializações na área da saúde que servem como fontes de inspiração para inovar são Comunicação em Saúde, Gestão Farmacêutica, Logística Farmacêutica, Fisioterapia e Ergonomia e Gestão em Saúde.

É possível fazer esses e outros cursos na modalidade EAD, com aulas 100% e com o reconhecimento do Ministério da Educação (MEC).

Leia também
Redação Blog do EAD

Por Redação Blog do EAD

Gostou deste conteúdo? Compartilhe com seus amigos!