O que escrever em uma redação sobre intolerância religiosa

Postado em 10 de ago de 2021
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Caso o assunto fosse abordado no Enem, você se sentiria preparado o suficiente para escrever uma redação sobre intolerância religiosa?  

A intolerância religiosa é um tema atual e relevante em nossa sociedade, que infelizmente ainda é marcada por preconceitos e discriminação.  

Sendo assim, existe grandes chances dessa temática ser explorada na redação do Enem e de outros vestibulares.

Neste artigo, discutiremos o que escrever em uma redação sobre intolerância religiosa, apresentando dicas e sugestões para construir um texto claro, objetivo e impactante. Acompanhe! 

Aqui você vai conferir:

 

Antes de tudo: o que é a intolerância religiosa 

A intolerância religiosa, resumidamente, é o ato de discriminar ou ofender religiões, cultos e liturgias ou também discriminar, ofender e agredir pessoas por conta das suas crenças e práticas religiosas.

Essa violência, que fere diretamente os Direitos Humanos, está marcada na história da humanidade, principalmente porque antigamente era comum o estabelecimento de acordos entre religiões — especialmente as institucionalizadas, como o cristianismo — e os governos.

No passado, a religião foi utilizada como um meio de demarcar o poder político das classes mais altas e para controlar a população.

Inclusive, existiu um período em que os cristãos foram perseguidos — e até criminalizados — no Império Romano.

Atualmente, o pensamento republicano e principalmente a democracia impedem que exista um vínculo direto entre religião e o Estado, ao menos na teoria, o que é chamado de Estado laico.

Contudo, a intolerância religiosa ainda é, infelizmente, uma realidade presente em comunidades do mundo todo, assim como outros grandes problemas, como a desigualdade social, a violência doméstica e os transtornos psicológicos relacionados à saúde mental, como a depressão.

No Brasil, por exemplo, o problema está em sua maioria relacionado ao racismo. Isso porque ele é praticado — em maior escala — contra quem é adepto das religiões de matriz africana, como a umbanda e o candomblé.

Da mesma maneira que o racismo, a xenofobia também está relacionada à intolerância religiosa.

Como a religião é uma característica bastante marcante na cultura de um povo, muitos atacam a religião em uma tentativa de atacar a própria população local.

Um exemplo é o que enfrentam os povos provenientes do Oriente Médio — geralmente muçulmanos — em lugares dos Estados Unidos e da Europa.

Dado o contexto, é possível perceber por que esse é uma temática tão urgente para sociedade atual.

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Dados para usar na sua redação sobre intolerância religiosa 

Além de compreender o conceito de intolerância religiosa, é essencial trazer dados sobre o tema para sustentar sua argumentação em uma redação.

Pensando nisso, a seguir, trazemos uma série de informações que você pode utilizar em seu texto sobre intolerância religiosa. Confira: 

  • Intolerância religiosa é um problema global: de acordo com o relatório de 2019 do Pew Research Center, a intolerância religiosa é um problema global, com casos ocorrendo em todos os continentes.  

  • Brasil registrou três queixas de intolerância religiosa por dia em 2022: entre janeiro e junho, apenas no Disque 100, serviço para denunciar violações de direitos do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, o Brasil teve 545 denúncias de intolerância religiosa, no mesmo período, foram 466 denúncias. Ou seja, 2022 registrou um aumento de 17%. 

  • Principais vítimas no Brasil: as religiões de matriz africana são as principais vítimas de intolerância religiosa no Brasil. De acordo com o Mapa da Intolerância Religiosa, 59% dos casos de intolerância religiosa no Brasil são contra adeptos das religiões de matriz africana.  
  • Preconceito e discriminação: a intolerância religiosa muitas vezes está ligada ao preconceito e à discriminação. De acordo com a UNESCO, a intolerância religiosa muitas vezes surge como resultado de estereótipos negativos e visões preconcebidas sobre determinadas religiões.  

  • Consequências da intolerância religiosa: a intolerância religiosa pode ter consequências graves, incluindo violência, exclusão social, discriminação e perseguição. Segundo o Escritório das Nações Unidas para os Direitos Humanos, a intolerância religiosa pode até mesmo levar a crimes de ódio e genocídio.

🔵Leia também: Como é a correção da redação do Enem? E quem são os corretores?

Propostas de intervenção para sua redação sobre intolerância religiosa 

Agora que você já entendeu um pouco mais sobre o conceito de intolerância religiosa e conheceu alguns números relacionados a essa violência, chegou a hora de pensar nas propostas de intervenção para a sua redação.

Confira, a seguir, alguns exemplos que você pode utilizar depois de ler os textos motivadores. 

Educação 

O papel da educação no combate à intolerância religiosa é fundamental. Ela pode ajudar a desenvolver o respeito, a compreensão e a tolerância pelas diferenças não só religiosas, mas também culturais.

As escolas ou quaisquer outras instituições de ensino podem oferecer aulas sobre diferentes religiões e crenças para que os alunos possam aprender sobre as tradições de outras pessoas e, assim, passar a respeitá-las.

Sem contar que a educação em si também pode ajudar no desenvolvimento de habilidades sociais dos estudantes — como a resiliência e a empatia, dois importantes aliados para combater qualquer tipo de preconceito. 

Diálogo inter-religioso 

Outra ferramenta bastante importante no combate à intolerância religiosa é o diálogo entre as religiões. Isso porque ele permite que pessoas de diferentes crenças possam conversar e compartilhar informações sobre tradições, valores e o que acreditam.

Uma conversa entre pessoas de diferentes religiões que estão dispostas a aprender pode levar a uma compreensão muito mais profunda e respeitosa entre as diferentes comunidades religiosas espalhadas no Brasil e no mundo.

Esse movimento, aliás, pode fortalecer a sociedade e a comunidade, já que promove a união entre pessoas que, a princípio, poderiam não ter um diálogo por conta das diferenças. 

Condenação pública 

A condenação pública, por mais que seu nome possa soar extremo, é uma das maneiras mais eficazes de combater a intolerância às religiões. Uma das maneiras em que ela pode ser utilizada para isso é ao desacreditar comportamentos intolerantes e fazer com que eles sejam vistos como inaceitáveis em qualquer instância na sociedade.

Condenar publicamente qualquer tipo de intolerância também ajuda na criação de uma cultura de tolerância. Nela, as pessoas são encorajadas a aceitar — e a respeitar, principalmente — as diferenças entre as religiões. 

Ações positivas 

Combater a intolerância religiosa vai muito além que apenas condenar atos intolerantes. É preciso criar ações positivas para conscientizar a população de maneira constante.

As campanhas que promovam a solidariedade entre diferentes grupos religiosos e que destaquem a importância ao respeito são um bom exemplo disso.

Outra ideia de ação positiva são os eventos inter-religiosos, como os debates, cerimônias conjuntas e palestras, para promover a compreensão mútua e o diálogo respeitoso entre grupos diferentes.

Também é importante realizar campanhas de sensibilização pública que mostrem o impacto negativo da intolerância religiosa e que destaquem a importância da tolerância.

Tudo isso pode ajudar a mudar os comportamentos e atitudes negativas e transformá-los em respeito mútuo. 

Envolvimento da mídia 

A mídia — seja ela divulgada nas redes sociais ou offline — pode desenvolver um papel muito importante no combate à intolerância religiosa. Uma das maneiras pelas quais esses veículos de comunicação podem fazer isso é com a divulgação de informações precisas sobre todas as religiões e crenças diferentes, o que ajuda a diminuir as desconfianças, principalmente em relação ao que é considerado “mau”, e a promover mais compreensão.

Também é papel da mídia promover a tolerância religiosa. Esses canais podem fazer isso ao mostrar histórias de pessoas de diferentes religiões que convivem de maneira pacífica e respeitosa com quem tem outras crenças.

Por outro lado, a mídia também pode ajudar a sensibilizar as pessoas para a discriminação religiosa ao mostrar histórias reais de pessoas que sofrem com essa intolerância e, principalmente, ao destacar a importância do respeito às diferenças. 

🔵Leia também: O que zera a redação do Enem?

Exemplo de redação do Enem nota 1000 sobre intolerância religiosa 

Ainda não sente muita segurança para escrever sobre esse tema? Então, veja um exemplo de uma redação do Enem que conseguiu nota 1000 — ou seja, a nota máxima — que aborda o assunto de intolerância religiosa.

O título da redação, que foi escrita no exame de 2016, é “Tolerância na prática”, de autoria de Vinícius Oliveira de Lima. Acompanhe: 

A Constituição Federal de 1988 – norma de maior hierarquia no sistema jurídico brasileiro – assegura a todos a liberdade de crença. Entretanto, os frequentes casos de intolerância religiosa mostram que os indivíduos ainda não experimentam esse direito na prática. Com efeito, um diálogo entre sociedade e Estado sobre os caminhos para combater a intolerância religiosa é medida que se impõe. 

Em primeiro plano, é necessário que a sociedade não seja uma reprodução da casa colonial, como disserta Gilberto Freyre em “Casa-grande e Senzala”. O autor ensina que a realidade do Brasil até o século XIX estava compactada no interior da casa-grande, cuja religião oficial era católica, e as demais crenças – sobretudo africanas – eram marginalizadas e se mantiveram vivas porque os negros lhes deram aparência cristã, conhecida hoje por sincretismo religioso. No entanto, não é razoável que ainda haja uma religião que subjugue as outras, o que deve, pois, ser repudiado em um Estado laico, a fim de que se combata a intolerância de crença. 

De outra parte, o sociólogo Zygmunt Bauman defende, na obra “Modernidade Líquida”, que o individualismo é uma das principais características – e o maior conflito – da pós-modernidade, e, consequentemente, parcela da população tende a ser incapaz de tolerar diferenças. Esse problema assume contornos específicos no Brasil, onde, apesar do multiculturalismo, há quem exija do outro a mesma postura religiosa e seja intolerante àqueles que dela divergem. Nesse sentido, um caminho possível para combater a rejeição à diversidade de crença é desconstruir o principal problema da pós-modernidade, segundo Zygmunt Bauman: o individualismo. 

Urge, portanto, que indivíduos e instituições públicas cooperem para mitigar a intolerância religiosa. Cabe aos cidadãos repudiar a inferiorização das crenças e dos costumes presentes no território brasileiro, por meio de debates nas mídias sociais capazes de desconstruir a prevalência de uma religião sobre as demais. Ao Ministério Público, por sua vez, compete promover as ações judiciais pertinentes contra atitudes individualistas ofensivas à diversidade de crença. Assim, observada a ação conjunta entre população e poder público, alçará o país a verdadeira posição de Estado Democrático de Direito.

E aí, já se sente mais preparado para escrever a sua própria redação sobre intolerância religiosa?

Lembre-se de sempre acompanhar os noticiários para aumentar o seu repertório sociocultural. Esperamos que este artigo o tenho ajudado!

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