O que escrever em uma redação sobre violência doméstica

Postado em 22 de nov de 2021
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A nota da Redação do Enem é uma das mais importantes para quem deseja realizar o sonho do curso superior.

Algo bastante relevante e com chances de aparecer nas provas futuras é a proposta de uma redação sobre violência doméstica.

Além de ser um assunto em plena discussão na sociedade nos últimos anos, ganhou ainda mais foco durante a pandemia, quando os números de violência doméstica e feminicídio aumentaram no Brasil.

Vale lembrar que o Enem já propôs uma redação sobre violência doméstica em 2015, falando sobre a “A persistência da violência contra a mulher”.

Porém, é possível abordar o problema com outras nuances.

Neste artigo, vamos aprofundar o assunto para você se preparar para escrever uma redação nesse possível tema.

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Os tipos de violência doméstica

Uma redação sobre violência doméstica pode partir de diferentes pontos e problemáticas, principalmente considerando que existe mais de um tipo de violência.

Confira abaixo os principais tipos de que existem:

Violência física

É o tipo de violência mais conhecido, pois é mais facilmente identificado.

Entre os crimes relacionados à violência física é possível citar espancamento, estrangulamento e sufocamento, arremesso de objetos contra a outra pessoa, ferimentos e lesões com armas brancas ou armas de fogo.

Violência psicológica

É uma das mais difíceis de identificar, inclusive pela própria vítima, porque é algo que pode acontecer gradualmente.

Esse tipo de violência nem sempre é entendido como uma violência pela sociedade.

Manipulações, humilhações, insultos, ameaças, constrangimento em público ou na vida privada, chantagem emocional ou material, isolamento provocado ou qualquer retirada de liberdade são tipos de violência psicológica.

Violência sexual

É um dos tipos de violência mais comuns, mas que nem sempre é denunciado, e pode acontecer dentro da violência doméstica.

Nesse caso, é considerada violência sexual o estupro ou abuso, práticas sexuais que não vão conforme o desejo do outro, práticas sexuais consideradas repulsivas para uma das partes e cerceamento dos direitos reprodutivos.

Violência patrimonial

A violência patrimonial está bastante relacionada com a falta de liberdade e, principalmente, dependência financeira por uma das partes.

É bastante comum no contexto da violência doméstica, pois acontece muito entre cônjuges.

A partir disso, podem ocorrer situações como privação do dinheiro, bens ou pensão alimentícia para uma das partes, furtos e extorsão, estelionato ou destruição de documentos e objetos, seja de valor ou não.

Violência moral

É toda aquela violência que causa degradação da moral da mulher em sociedade, fazendo com que seja mal vista, sofra discriminação e preconceitos.

Entre os atos degradantes é possível citar acusações de traição, calúnias, difamações e injúrias relacionadas a sua conduta, seja na vida privada ou pública, estando ligado ao relacionamento ou não.

Números da violência doméstica no Brasil

Apresentar dados é uma etapa muito importante para escrever uma redação sobre violência doméstica para o Enem.

Isso porque eles trazem suporte e podem confirmar ou desmentir uma ideia ou preconceito.

Na maioria das vezes, esses dados são fornecidos pelos textos motivadores da prova de redação. Por isso é importante ler com atenção e interpretar bem o que está sendo dito.

Além disso, colocar algum outro dado de conhecimento próprio também mostra que o candidato está bem informado sobre os acontecimentos da sociedade. Nesse caso, cite sempre a fonte.

Para se ter ideia, um estudo da Organização das Nações Unidas (ONU) mostrou que apenas em 2019 cerca de 17,8% das mulheres em todo o mundo sofreram violência física ou sexual, sendo que 1 em cada 5 mulheres sofreram a violência por alguém com quem tiveram vínculo afetivo.

No Brasil, um levantamento do Datafolha, encomendado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, mostrou que, em 2018, mais de 500 mulheres foram agredidas por hora, com 76% tendo os agressores como conhecidos, sendo companheiros, ex-companheiros e vizinhos.

Além disso, também é preciso considerar a estimativa de que apenas cerca de 10% dos casos são comunicados à polícia.

Assim, a subnotificação ainda é uma questão que pode ser abordada em uma redação sobre violência doméstica.

Pontos de atenção na redação sobre violência doméstica

O ponto principal da redação do Enem é dar espaço para o candidato mostrar seu conhecimento sobre a sociedade e interesse por tópicos que estão em alta.

A partir disso, o estudante precisa mostrar que consegue “discutir” o tema e até propor possíveis soluções

Por isso, a redação do Enem é um texto dissertativo-argumentativo.

Ou seja, é preciso apresentar o tema e argumentar problemáticas e soluções sobre ele, em prosa (texto corrido). Precisa ter pelo menos 7 linhas, o número mínimo de linhas exigido.

Em uma redação sobre violência doméstica é importante se atentar para especificar a violência que acontece dentro de casa, geralmente entre casais.

Isso porque tratar da violência contra mulher de maneira geral pode ser considerado fuga do tema, apesar de estarem relacionados.

Outro ponto muito importante é que toda e qualquer frase que vá contra os direitos humanos de maneira geral faz com que a redação seja zerada.

🔵Leia também: Como é a correção da redação do Enem? E quem são os corretores?

A estrutura ideal de uma redação sobre violência doméstica

O texto dissertativo-argumentativo do Enem precisa ser construído com uma introdução, desenvolvimento e uma conclusão.

Veja como criar essa estrutura e o que colocar em cada uma dessas partes:

  • Introdução (1 parágrafo - 7 linhas, em média): é preciso apresentar qual será o tema discutido, fazendo uma contextualização do assunto e indicando porque ainda é algo que vale a discussão. É o momento de utilizar os dados que tiver sobre o assunto, dando uma visão geral sobre ele.
  • Desenvolvimento (2 parágrafos - 8 linhas cada, em média): momento de desenvolver a ideia e mostrar seu ponto de vista sobre o assunto, indicando quais são os problemas envolvidos. É interessante explicar a problemática e usar dados sobre isso, mostrar quais outros temas estão relacionados (como dependência financeira, feminicídio, etc.). É preciso ter mais de um argumento, pois isso enriquece seu texto.
  • Conclusão (1 parágrafo - 7 linhas, em média): no último parágrafo do texto é obrigatório que o candidato mostre as possíveis soluções para o problema, falando quem será o agente responsável (agente), qual ação será tomada (ação), como será feita (modo) e qual o objetivo (finalidade). É interessante focar em um dos argumentos apresentados.

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Exemplos de redação sobre violência doméstica nota 1000 no Enem

Como vimos no começo deste guia, o tema da redação do Enem em 2015 foi “A persistência da violência contra a mulher”. Naquele ano, dois candidatos que obtiveram a nota 1000 usaram dados sobre violência doméstica como parte da argumentação no desenvolvimento dos seus textos.

Leia abaixo as duas redações:

Exemplo 1 - Redação de José Miguel Zanetti Trigueros:

Por um basta na violência contra a mulher
A violência contra a mulher no Brasil ainda é grande. Entretanto, deve haver uma distinção entre casos gerais (que ocorrem independentemente do sexo da vítima) e casos específicos. Os níveis de homicídios, assaltos, sequestros e agressões são altos, portanto, o número de mulheres atingidas por esse índice também é grande. Em casos que a mulher é vítima devido ao seu gênero, como estupros, abusos sexuais e agressões domésticas, as Leis Maria da Penha e do Feminicídio, aliadas às Delegacias das Mulheres e ao Ligue 180 são meios de diminuir esses casos.
O sistema de segurança no Brasil é falho. Como a violência é alta e existe uma enorme burocracia, os casos denunciados e julgados são pequenos. Além do mais, muitas mulheres têm medo de seus companheiros ou dependem financeiramente deles, não contando as agressões que sofrem. Dessa forma, mais criminosos ficam livres e mais mulheres se tornam vítimas.
Alguns privilégios são necessários para garantir a integridade física e moral da vítima, como a Lei Maria da Penha, que é um marco para a igualdade de gênero e serve de amparo para todo tipo de violência doméstica e já analisou mais de 300 mil casos. Há também medidas que contribuem para reduzir assédios sexuais e estupros, como a criação do vagão feminino em São Paulo e a permissão para que ônibus parem em qualquer lugar durante a noite, desde que isso seja solicitado por uma mulher.
Também é alarmante os casos que envolvem turismo sexual. Durante a Copa do Mundo de 2014, houve um grande fluxo de estrangeiros para o Brasil. Muitos vêm apenas para se relacionar com as mulheres brasileiras, algo ilegal, que que prostituição é crime. Não bastasse, o pior é o envolvimento de menores de idade. Inúmeros motivos colocam crianças e adolescentes nessa vida, como o abandono familiar, o aliciamento por terceiros e até sequestros.
Portanto, para reduzir drasticamente a violência contra a mulher, deve ocorrer uma intensificação na fiscalização, através das Leis que protegem as vítimas femininas. No que se refere à punição dos criminosos, deve ocorrer o aumento das penas ou até atitudes mais drásticas, como a castração química de estupradores (garantindo a reincidência zero). Para aumentar o número de denúncias, a vítima deve se sentir protegida e não temer nada. Por isso, mobilizações sociais, através de propagandas e centros de apoio devem ser adotadas. Todas essas medidas culminariam em mais denúncias, mais julgamentos e mais prisões, além de diminuir os futuros casos, devido às prisões exemplares.

Exemplo 2 - Redação de Valéria da Silva Alves:

A submissão da mulher em uma sociedade patriarcalista como a brasileira é um fato que tem origens históricas. Por todo o mundo, a figura feminina teve seus direitos cerceados e a liberdade limitada devido ao fato de ser considerada “frágil” ou “sensível”, ainda que isso não pudesse ser provado cientificamente. Tal pensamento deu margem a uma ampla subjugação da mulher e abriu portas a atos de violência a ela direcionados.
Nessa perspectiva, a sociedade brasileira ainda é pautada por uma visão machista. A liberdade feminina chega a ser tão limitada ao ponto que as mulheres que se vestem de acordo com as próprias vontades, expondo partes do corpo consideradas irreverentes, correm o risco de seres violentadas sob a justificativa de que “estavam pedindo por isso”. Esse pensamento perdura no meio social, ainda que muitas conquistas de movimento feministas – pautados no existencialismo da filósofa Simone de Beauvoir – tenham contribuído para diminuir a percepção arcaica da mulher como objeto.
Diante disso, as famílias brasileiras com acesso restrito à informação globalizada ou desavisadas a respeito dos direitos humanos continuam a pôr em prática atos atrozes em direção àquela que deveria ser o centro de gravitação do lar. A violência doméstica, em especial física e psicológica, é praticada por homens com necessidade de autoafirmação ou sob influência de drogas (com destaque para o álcool) e faz milhares de vítimas diariamente no país. Nesse sentido, a criação de leis como a do feminicídio e Maria da Penha foram essenciais para apaziguar os conflitos e dar suporte a esse grupo antes marginalizado.
Paralelo a isso, o exemplo dado pelo pai ao violentar a companheira tem como consequência a solidificação desse comportamento psicológico dos filhos. As crianças, dotadas de pouca capacidade de discernimento, sofrem ao ver a mãe sendo violentada e têm grandes chances de se tornarem adultos violentos, contribuindo para a manutenção das práticas abusivas nas gerações em desenvolvimento e dificultando a extinção desse comportamento na sociedade.
Desde os primórdios, nas primeiras sociedades formadas na Antiguidade até hoje, a mulher luta por liberdade, representatividade e respeito. O Estado pode contribuir nessa conquista ao investir em ONGs voltadas à defesa dos direitos femininos e ao mobilizar campanhas e palestras públicas em escolas, comunidades e na mídia, objetivando a exposição da problemática e o debate acerca do respeito aos direitos femininos. É importante também a criação de um projeto visando a distribuição de histórias em quadrinhos e livros nas escolas, conscientizando as crianças e jovens sobre a "igualdade de gênero" de forma interativa e divertida.

Todos os textos estão disponíveis no G1.

Importante lembrar que, além da redação sobre violência doméstica, outros temas também estão muito em alta, principalmente aqueles que envolvem toda a sociedade. Confira uma lista de temas que podem aparecer na redação do Enem e nos principais vestibulares do país.

Redação Blog do EAD

Por Redação Blog do EAD

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